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Resenha: Promessas Vazias - Lexi Ryan

Promessas Vazias Série: As Terras de Thalyria #2 (spin-off de These Hollow Vows) Avaliação: ★★☆☆☆ (2/5) Classificação: jovem adulto Gênero: Fantasia, Romance, Ficção Ano: 2022 / Páginas: 336 Editora: Planeta Minotauro Amor, poder e traição — quando as promessas se tornam apenas palavras vazias, o coração paga o preço. Promessas Vazias apresenta uma premissa instigante: Brie , uma jovem humana que odeia os feéricos , precisa se infiltrar em suas cortes para salvar a irmã mais nova . A ideia mistura elementos de fantasia sombria, política feérica e triângulo amoroso, ingredientes que prometem uma leitura envolvente. No entanto, a execução não acompanha o potencial da trama. O livro começa bem, com ritmo ágil e um toque de mistério, mas logo se perde em repetições, explicações superficiais e um desenvolvimento que soa apressado. A história tenta equilibrar romance e aventura, mas ambos os lados ficam pela metade, nada é realmente aprofundado. O que torna a leitura lenta e frustrante....

Resenha: A Corte das Chamas Prateadas - Sarah J. Maas

 

Resenha: A Corte das Chamas Prateadas - Sarah J. Maas

Livro: A Corte das Chamas Prateadas - Sarah J. Maas
A Corte das Chamas Prateadas - Sarah J. Maas
Corte de Espinhos e Rosas - ACOTAR 4

Avaliação: ★★★☆☆3/5
Classificação
: Adulto +18
Gênero
: Romance, Fantasia, Literatura Estrangeira
Ano
: 2021 (1°edição), 2023 / Páginas: 776 / Editora: Galera Record
Edição de luxo.

Prepare-se para mergulhar em uma jornada intensa de cura, superação e empoderamento. A Court of Silver Flames não é apenas um spin-off da famosa saga ACOTAR, mas um mergulho corajoso no abismo de uma personagem que você pode ter odiadoe talvez aprenda a gostar.

O livro acompanha Nestha Archeron, irmã de Feyre, em sua trajetória após os horrores da guerra contra Hybern. Abatida por traumas e escolhas autodestrutivas, ela é forçada a tomar uma decisão que mudará o rumo de sua vida: reconstruir-se, ou afundar-se de vez. Acompanhada de Cassian, o guerreiro illyriano de coração indomável, Nestha se vê diante de treinos, rotinas, amizades inesperadas e a dolorosa tarefa de se confrontar.

Neste volume, o conflito não é contra reis ou exércitos, mas contra si mesma. A autora Sarah J. Maas constrói uma narrativa profunda sobre o poder da vulnerabilidade, a importância do autocuidado e a reconstrução pessoal como um ato de resistência. O foco está na saúde mental e emocional, nos laços entre mulheres e no empoderamento individual.

Personagens & desenvolvimento

Depois da guerra contra o rei Hybern todos estão emocionalmente quebrados e cada um, tenta juntar os cacos da sua maneira. Com Nestha não foi diferente, sua forma de se reconstruir, no entanto, a estava destruindo. Sozinha, livre para fazer suas escolhas, mesmo que fossem estúpidas e de autossabotagem. Mas tudo tem limite e, quando ela "usa o dinheiro da corte" para pagar suas dívidas de jogos e bebidas, sua irmã, Feyre, decide que é a hora de intervir.

Nestha tem uma escolha (tenho que frisar haha que ela tinha duas opções), no fim, sua decisão foi ir morar na Casa do Vento, trabalhar meio período na biblioteca e treinar com Cassian. E NADA DE BEBIDAS! Bom, se ela quisesse continuar sendo sustentada pela corte, precisaria fazer alguma coisa.

Cassian também é fundamental para dar um empurrãozinho e incentivar (do jeitinho dele, é claro). Conhecemos um pouco mais da personalidade dele e seu passado e como ele foi superando os desafios de sua vida.

Rhys e a Feyre, assim como a Corte dos Sonhos, fazem algumas aparições ao longo da narrativa. É muito gostoso rever todo mundo. Estava com saudade! Inclusive Eles tem uma surpresa não tão surpreendente (eu já sabia devido ao crossover de Reino de Cinza)! Não segurem as lágrimas de felicidade, pois alguns sentimentos não duram para sempre, então é bom aproveitar enquanto pode.

No processo de cura da Nestha ela vai fazer amizades. A Emerie que conhecemos em ACOFAS é descrita como uma comerciante, e a Gwyn uma sacerdotisa que a Nestha conhece trabalhando na biblioteca. Ambas têm passados problemáticos e tóxicos, e as três juntas buscam superar seus medos, traumas e inseguranças. O desenvolvimento das três é gradual e surpreendente. Inclusive são elas que retomam o treinamento das Valquírias que morreram há muito tempo (tem todo um contexto, para entender precisa ler).

Temos romance! Um slow burn para ser mais específica. Não foi fácil para o nosso casal admitir que se amam. Tem muitas cenas eróticas, e se formos analisar até o momento, a Nestha é a personagem mais safada e pervertida da série (até então). Tem momentos que você fica tipo "QUÊ?! Não, ela não pensou isso".

Nestha não é a personagem mais amável dessa saga. Sim, sabemos. Então ela vai aprontar e nós vamos passar muita raiva com ela, um verdadeiro enimies to lovers entre o leitor e uma personagem (teve uma cena em específico que quis estrangular ela, mas não pelo que ela revelou, e sim como ela falou, aquilo foi cruel). Fiquei feliz em outros momentos, pois conheci outro lado que não tinha percebido antes, suas conquistas me deixam orgulhosa, sua superação e sacrifícios me deixaram à beira das lágrimas.

Antes de conhecer profundamente essa personagem, eu não gostava dela (estou sendo sincera) porque achava ela muito tóxica e arrogante ao extremo (e ela ainda é um pouco), porém sempre quis entender por que ela era tão insuportável, por que ela era tão indiferente à Feyre... Por quê? Qual era o motivo?

E como os primeiros livros são narrados pela Feyre não dava para saber o que se passava na mente de Nestha, somente agora. De insuportável para querida? Prefiro dizer que ela se tornou uma querida suportável, ela entende que suas atitudes machucavam todos e que isso não ajudava a se sentir melhor, muito pelo contrário piorava sua dor. Reconhecer o erro é o primeiro passo, querer mudar o segundo, e assim ela faz sua jornada gradualmente.

Ao final da leitura, fui tomada por uma constatação... talvez sejamos mais parecidos com Nestha do que gostaríamos de admitir. Ela é o espelho que nos obriga a encarar aspectos nossos que evitamos aceitar, o egoísmo silencioso, o orgulho ferido, a recusa em estender a mão quando alguém precisava. Não é à toa que tantos leitores a rejeitam: ela nos confronta. E quando a literatura nos devolve o reflexo cru dos nossos defeitos, é mais fácil odiar o espelho do que aceitar o que ele mostra.

Nestha é odiada porque representa aquilo que fingimos não ser.

Mas é justamente esse espelho desconfortável que torna sua trajetória tão poderosa. E por falar em espelho gostaria de relembrar algo para você: no livro "Corte de Asas e Ruína" (terceiro volume), Feyre menciona um espelho mágico chamado Uróboro, um artefato antigo e poderoso localizado na Corte dos Pesadelos. Essa passagem é breve, mas profundamente simbólica e carrega uma carga emocional forte.

"É raro uma pessoa encarar quem realmente é e não fugir, não ser destruída por isso. É o que o Uróboro mostra a todos que o buscam: quem são, cada centímetro desprezível e profano. alguns olham para o espelho e nem percebem que o horror refletido são eles. Mesmo que o terror os deixem loucos." 

- O Entalhador de Ossos, Corte de Asas e Ruína, capítulo 68.

O Uróboro é descrito como um espelho que mostra a verdade absoluta de quem o encara, não apenas a aparência física, mas o que está no fundo da alma. Encarar o espelho é considerado uma provação tão intensa que muitos enlouquecem ao tentar suportar a própria verdade.

Embora Feyre mencione o espelho no volume 3, é apenas mais adiante na série que essa ideia se desenvolve mais claramente com outros personagens, como Nesta. Ainda assim, a menção do espelho por Feyre já antecipa um tema recorrente da saga: a necessidade de se confrontar com a própria dor e se aceitar por completo.

Feyre, que já passou por inúmeras provações, como a Guerra, a Muralha, Amarantha e a transformação em Feérica, carrega culpa, raiva, medo, mas também força, empatia e coragem. O espelho funciona quase como um símbolo da jornada interna que ela percorre ao longo da série. E agora com Nestha não é diferente. Elas lidaram com a dor de forma diferente.

A referência ao espelho convida o leitor a fazer a mesma pergunta: Você suportaria olhar para si mesmo de forma crua e completa? O que veria ali?

Sarah J. Maas brinca com esse tema de forma delicada, mostrando que o verdadeiro heroísmo não está apenas em vencer inimigos externos, mas em enfrentar os próprios monstros internos.

Ver uma personagem quebrada pela dor, consumida pela culpa e ainda assim determinada a escalar, a resistir, a se reconstruir mesmo quando tudo em si gritava o contrário, isso não é apenas inspirador, é humano. A forma como ela enfrenta seus fantasmas, engole o orgulho e encontra uma força silenciosa onde antes só havia escombros emocionais é o que transforma sua jornada em algo tão envolvente.

Talvez, não deixaríamos nossos familiares passar fome, mas será que nunca fomos omissos com quem amamos? Quantas vezes disfarçamos nossa indiferença com racionalizações? Quantas vezes usamos o orgulho como escudo para não ceder, para não ajudar, para não pedir perdão? Quantas vezes viramos as costas porque não simpatizávamos com alguém, mesmo tendo plena capacidade de fazer a diferença?

Nestha nos desconcerta porque nos obriga a admitir que a bondade exige mais do que boas intenções: exige coragem para mudar, e para reconhecer que também somos falhos. E isso, talvez, seja sua maior lição.

Universo & Ambientação

A ambientação da Casa do Vento e os treinos nos campos de batalha reforçam o contraste entre reclusão e superação. A biblioteca como local de cura é simbólica e acolhedora, dando ao cenário um papel terapêutico.

Estilo de Escrita

SJM mantém seu estilo envolvente, com descrições ricas, diálogos afiados e cenas íntimas carregadas de intensidade emocional e sensualidade. A escrita flui com naturalidade, mesclando introspecção com ação e romance, e entrega várias frases impactantes.

️ Pontos positivos

  • Profundidade psicológica da protagonista;
  • Retrato sincero do trauma e da cura;
  • Relações femininas fortes e inspiradoras;
  • Cassian sendo o equilíbrio perfeito entre guerreiro e cuidador (ele também gosta de atissar, de provocar);
  • As referências às Valquírias e a construção de legado feminino.

Pontos negativos

  • A narrativa tem um ritmo mais lento, o que pode desagradar leitores esperando por batalhas épicas;
  • Alguns diálogos românticos ou cenas hots podem parecer repetitivos;
  • A ausência de um vilão externo na maior parte do enredo deixa o enredo menos dinâmico em certos momentos.
  • Cenas e diálogos pouco convincentes: Em diversos momentos, a narrativa falha em sustentar a coerência emocional dos personagens.
  • O final é incoerente com o universo construído: A resolução do clímax apresenta uma situação grave que, à solução de tudo foi usar uma os artefatos, mas com um sistema mágico sofisticado, curandeiros poderosos e conhecimento ancestral, foi inaceitável. A ausência de uma simples cesariana, em um mundo onde curas milagrosas acontecem, quebra a lógica interna da obra. O desfecho, que deveria ser emocionante, acaba soando descuidado e até frustrante.
  • O retrato da saúde mental tem limites éticos não discutidos: embora o foco da obra seja a depressão e os efeitos do trauma, é importante ressaltar que sofrimento psíquico não justifica o tratamento tóxico com as pessoas ao redor. A autora tenta humanizar Nestha, o que é válido, mas em certos trechos a narrativa parece normalizar comportamentos abusivos sob o pretexto da dor, sem oferecer o contraponto necessário. A ausência de uma crítica mais clara a essas atitudes pode levar à romantização do sofrimento como desculpa para agressividade. Não me convenceu.

Confesso que comecei o livro com o ranço de Nestha, ela sempre me pareceu fria, arrogante e insuportável. Mas a mágica de Sarah J. Maas é justamente essa: mostrar que até as almas mais quebradas têm suas razões e suas cicatrizes. A forma como Nestha encara seus fantasmas me deixou com o coração apertado e, em muitos momentos, vi nela dores que me eram familiares. A relação com Cassian é ardente, mas também sensível. E, claro, gritei com certas revelações e me emocionei profundamente com a jornada das novas Valquírias.

Se você achava Nestha insuportável, leia este livro. Se você acha que redenção é impossível, leia este livro. A Court of Silver Flames entrega uma narrativa envolvente e necessária, onde os monstros reais são internos, e enfrentá-los é o verdadeiro heroísmo. Indicado para quem ama personagens femininas imperfeitas, intensas e humanas.

Leitura obrigatória para fãs de ACOTAR e para quem precisa acreditar que a cura é possível.

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