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10 anos de leitura: uma década viajando entre páginas e mundos

10 anos de leitura: uma década viajando entre páginas e mundos 10 anos! Como assim já fazem dez anos que eu sou leitora? Parece que foi ontem que abri meu primeiro livro (o que me encantou) e senti aquela sensação que só quem ama ler entende ao estar prestes a atravessar uma portal para outro universo. Dez anos de palavras que me curaram, me transformaram e me ensinaram a ver o mundo com outros olhos. Foram histórias que se tornaram abrigo, personagens que viraram amigos e finais que deixaram marcas que o tempo não apaga. A leitura me mostrou que viver é muito mais do que o que cabe na realidade, é também o que mora nas páginas que ousamos abrir. É se perder em reinos mágicos, chorar por amores impossíveis, rir de diálogos que parecem escritos só pra você. É encontrar nas palavras o que muitas vezes o silêncio não consegue dizer.  A leitura conecta leitores. Você se conecta com pessoas que nunca viu, mas só pelo fato de termos lido o mesmo livro, é possível conversar como se se con...

Resenha: A Biblioteca da Meia-Noite - Matt Haig

 

Resenha: A Biblioteca da Meia-Noite - Matt Haig

A Biblioteca da Meia-Noite - Matt Haig

Livro único
Avaliação: ★★★★★ (5)
Classificação: +16
Gênero: Ficção / Drama / Fantasia Contemporânea
Ano: 2020 / Páginas: 308
Editora: Bertrand Brasil

E se você pudesse viver todas as vidas que deixou para trás? Qual escolheria? Ou, mais importante: viveria diferente?

Nora Seed está à beira do colapso. Aos 35 anos, sua vida parece um acúmulo de fracassos: perdeu o emprego, o gato, o contato com o irmão e a vontade de viver. 

Em um momento de desespero absoluto, ela tenta tirar a própria vida e desperta em um lugar inusitado, uma biblioteca infinita, A Biblioteca da Meia-noite, que existe entre a vida e a morte.

Nessa biblioteca, cada livro representa uma vida alternativa que Nora poderia ter vivido se tivesse feito escolhas diferentes. E é nesse universo liminar que ela embarca em uma jornada de autoconhecimento, enfrentando seus arrependimentos mais profundos.

RESENHA CRÍTICA

Este não é um livro divertido com personagens marcantes, se você estiver procurando entretimento talvez este não seja o livro mais adequado no momento. A obra convida o leitor a refletir sobre os efeitos do arrependimento, a complexidade das escolhas e o real significado da felicidade. 

Matt Haig utiliza a fantasia como uma metáfora poderosa para falar sobre saúde mental, depressão, propósito e aceitação. O pano de fundo é existencialista e psicológico, com nuances de autoajuda, mas sempre costurado pela narrativa ficcional.

O livro toca fundo. Nora não vive aventuras extraordinárias em cada vida, ela vive possibilidades comuns, reais, que poderiam ser de qualquer um de nós. Essa identificação provoca um misto de dor e consolo, convidando à introspecção. Em um mundo que romantiza o sucesso, o livro nos lembra que o valor da vida está nos detalhes simples e nas conexões humanas.

A narrativa traz temas como suicido, drogas, alcoolismo, depressão... É um livro sobre a vida e suas mais diversas perspectivas. Esse é um livro que todo mundo deveria ler em algum momento da vida. 

Nora é uma protagonista humana e imperfeita. Os personagens secundários, no entanto, são pouco desenvolvidos, atuando mais como peças que conduzem a reflexão da protagonista do que como figuras tridimensionais.

A narrativa vai nos contar as muitas possibilidades do que Nora teria vivido, e a cada livro escolhido na biblioteca opiniões e pensamentos são transformados em Nora e em nós também. Muitos de seus arrependimentos foram apagados do Livro dos Arrependimentos que é outra coisa bem interessante a ser mencionada. 

Há uma analogia ao dizer que "o Livro dos Arrependimentos é pesado", me faz pensar que não devemos ficar nos lamentando ou deixar nossos arrependimentos dominar nossas vidas, Nora, ao ler o livro se sente triste e sufocada, é assim que ficamos presos e nos punindo por algo que talvez nem valha a pena. 

Não deixe que seus arrependimentos se tornem um fardo. 

Devo ressaltar que, em alguns momentos, as "vidas" de Nora se torna irritante e maçante, porque ela nunca esta satisfeita e, até certo ponto é compreensível, em cada vida falta algo que ela gostaria de ter, ou vivenciar, ou sentir. No entanto, fica cansativo e você caro leito, precisa ter paciência para seguir adiante na narrativa. 

No fim, quando ela abandona a ideia de ser um buraco negro e decide ser um vulcão, é neste momento que ela enxerga que a melhor versão de sua vida não estava naquela biblioteca, mas é a aquela que quase havia abandonado. 

Matt Haig adota uma prosa simples, fluida e acessível, com trechos marcantes e reflexivos. Em alguns momentos, a narrativa beira o didatismo, principalmente nos diálogos internos da protagonista, o que pode tirar um pouco da sutileza. Apesar disso, a linguagem direta ajuda a aproximar o leitor dos dilemas humanos que o autor propõe.

✔️Pontos positivos:

  • Proposta reflexiva e profunda sobre a vida, escolhas e propósito;
  • Sensibilidade ao tratar de temas como depressão, arrependimento e suicídio;
  • Frases impactantes e filosofia acessível.

❌Pontos negativos:

  • Algumas “vidas alternativas” tornam-se repetitivas, criando certa monotonia;
  • Personagens secundários com pouco aprofundamento;
  • O tom autoajuda pode não agradar a todos;
  • A protagonista oscila entre empatia e irritação, exigindo paciência do leitor.

Fui levada ao livro pelo hype e pela promessa de uma leitura transformadora, e, de fato, encontrei reflexões importantes que me acompanharam por dias. Estava em um momento propício para absorver essa narrativa. Apesar de algumas frustrações com a repetição, foi uma leitura que me tocou de forma inesperada. Talvez não agrade a todos, mas acredito que, em algum momento da vida, ele encontra o leitor certo.

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Este é um livro lindo para aprender coisas que talvez estejam bem na nossa cara e não conseguimos enxergar, é para refletir sobre nossos arrependimentos e o caminho que trilhamos, é sobre entender que na vida sempre terá dor, mágoa, frustação, coração partido, dificuldades, solidão e outras coisas que não são agradáveis, e como já dizia Jesus "no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" em João 16:33. E sobretudo, não desista. 

Você não tem uma biblioteca de possibilidades, mas tem sua vida, e a morte é o oposto da possibilidade.

A Biblioteca da Meia-Noite não é para quem busca ação, romance ou grandes reviravoltas. É um livro para quem deseja pensar, sentir e repensar o rumo da própria vida. Recomendo especialmente para leitores que enfrentam momentos de transição, crise ou dúvida existencial.

Gatilhos: contém temas sensíveis como depressão, suicídio, abuso de substâncias e luto. Apesar de abordados com tato, podem ser gatilhos para leitores mais sensíveis.

Citações

É difícil prever, né? As coisas que vão nos fazer feliz. - Sra. Elm (P. 74)

A única maneira de aprender a viver é vivendo. p. 97

Nunca subestime a grande importância das coisas pequenas. p.99

Fazer uma coisa de maneira diferente é com frequência, o mesmo que fazer tudo de maneira diferente. Ações não podem ser desfeitas dentro de uma existência, não importa o quanto se tente. p. 126

O caminho que a gente a gente considera o mais bem-sucedido a seguir, na verdade não é. Porque muitas vezes nossa visão de sucesso vem de alguma noção falsa e externa de conquista. p.126

Você pode ter tudo e não sentir nada. @NoraLabybrinth, 74.8K Retweets, 485.3K Likes p.185

Você podia comer nos restaurantes mais sofisticados, experimentar cada prazer sensual possível, cantar num palco em São Paulo para vinte mil pessoas, se banhar em tempestades de aplausos, viajar aos confins da Terra, ter milhões de seguidores na internet, ganhar medalhas olímpicas, mas, sem amor, nada disso tinha o menor sentido. p.264

Cada vida contém muitos milhões de decisões. Algumas grandes, algumas pequenas. Mas cada vez que uma decisão é tomada em detrimento de outra, os resultados são diferentes. Ocorre uma variação irreversível, o que, por sua vez, leva a outras variações. p.273

O céu escurece/ O preto sobre o azul se vê/ Mas as estrelas ainda ousam/ Brilhar por você p.290

É uma revelação e tanto descobrir que o lugar para onde você quis fugir é exatamente o mesmo lugar de onde fugiu. Que a prisão não era o lugar, mas a perspectiva. p.301

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