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Resenha: Casa de Céu e Sopro – Sarah J. Maas
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Casa de Céu e Sopro – Sarah J. Maas
Crescent City 2Avaliação: ★★★☆☆ (3/5)Classificação: Adulto +18Gênero: Fantasia urbana adulta, com elementos de romance, mistério e açãoAno: 2022 / Páginas: 922Editora: Galera Record
Quando a liberdade é apenas uma ilusão e os deuses observam, até os heróis precisam escolher entre a submissão... ou a revolução.
ENREDO E ESTRUTURA
A trama acompanha Bryce Quinlan e Hunt Athalar após os eventos explosivos de Casa de Terra e Sangue. Sob vigilância dos Asteri, os misteriosos e todo-poderosos governantes divinos que governam Midgard, que concedem a Bryce e Hunt uma liberdade condicional: eles podem seguir com suas vidas, mas sob a ameaça implícita de que qualquer novo passo em falso será punido com morte.
A vitória, portanto, tem um gosto amargo, afinal, o sistema opressivo que os controla permanece intocado, preparando o terreno para os conflitos que virão em Casa de Céu e Sopro.
Enquanto isso novas ameaças surgem. A busca por Sofie Renast e seu irmão Emile, ambos "pássaros-trovão", promete ser o centro da narrativa, mas rapidamente cede lugar a uma nova série de investigações envolvendo segredos de Danika e conspirações contra os Asteri.
O segundo volume mantém a mesma fórmula do primeiro. O enredo tem estrutura dividida em três atos, mas sofre com um ritmo desequilibrado: arrastado nas primeiras 200 páginas, dinâmico e eletrizante no último terço. Revelações importantes e cenas de ação são concentradas ao final, deixando a sensação de que o livro serve mais como ponte para o terceiro volume do que como narrativa autônoma.
NARRATIVA
A narrativa é conduzida em terceira pessoa, com foco alternado entre múltiplos personagens: Bryce, Hunt, Ruhn, Tharion, Hypaxia, entre outros. Essa escolha enriquece a trama, permitindo visões amplas do conflito, mas também contribui para a sensação de dispersão e lentidão nos capítulos iniciais.
É possível que alguns leitores se sintam desconectados em razão da frequência com que o ponto de vista muda, sem foco narrativo claro até os atos finais.
UNIVERSO E AMBIENTAÇÃO
Sarah J. Maas entrega novamente um universo complexo, híbrido e visualmente fascinante: celulares, redes sociais e bares dividem espaço com portais, necromancia e anjos. A estética urbana contemporânea dialoga com o misticismo ancestral, criando um contraste único e instigante.
As hierarquias políticas, os jogos de poder e os diferentes clãs e raças (Vanir, lobisomens, fadas, bruxas) são bem delineados. A ambientação continua sendo um dos pontos mais fortes da série.
PERSONAGENS E DESENVOLVIMENTO
Bryce continua como protagonista, mas não apresenta evolução significativa. Ela veio com uma proposta diferente das heroínas anteriores da autora — mais vulnerável e humana, e apesar dos comportamentos ser um pouco mais compatível com a idade, seu desenvolvimento é praticamente nulo neste volume.
Seu comportamento alterna entre momentos de bravura e atitudes irritantes, piadas em situações inadequadas e age de forma impulsiva, e sua jornada emocional parece estagnada. Quando não está sendo insuportável, mostra lampejos de carisma e lealdade, mas é difícil torcer por alguém que parece repetir os mesmos erros.
Em contrapartida, personagens secundários brilham com força:
Ruhn Danaan, meio-irmão de Bryce, ganha camadas emocionais e protagonismo, principalmente em sua relação eletrizante com Daybright, a agente infiltrada cuja identidade se tornou um dos mistérios mais cativantes do livro. Eles roubam as cenas!
O alívio ao descobrir que Daybright não era uma personagem descartável, mas alguém já estabelecido e crucial, foi imenso — e seu papel promete ser ainda mais central no próximo livro.
Tharion Ketos, o sedutor Capitão da Inteligência da Rainha do Rio personifica o conceito de "saí da frigideira para cair no fogo", envolvido em alianças perigosas e um casamento arranjado sufocante, é uma presença marcante.
Hypaxia, a Rainha-bruxa de Valbara, conhecemos ela como medbruxa no volume anterior e posteriormente descobrimos que ela era da nobreza, revela habilidades vitais e conflitos políticos internos.
Ithan Holstrom, irmão mais novo de Connor e ex-astro do soberball que vive sua queda de glória de forma visceral. Rebaixado à condição de Omega e rejeitado por sua própria alcateia, este lobo em crise encontra propósito ao se aliar a Bryce. Ele também, desenvolve uma dinâmica protetora com uma loba de linhagem Fendyr (a mesma de Danika), Sigrid. Sua história paralela explora a política das alcateias.
Cormac Donnall - O príncipe das Fadas Noturnas e noivo arranjado de Bryce, figura estratégica na rebelião contra os Asteri, mas de inicio sua lealdade é constantemente questionada, criando tensão na narrativa, seu conhecimento sobre os portais e o verdadeiro poder de Bryce é fundamental para o aperfeiçoamento de suas habilidades.
TEMA
O livro explora temas como:
- Controle político e rebelião, com foco nas ações da Ophion contra os Asteri;
- Liberdade vigiada, questionando a ilusão de escolha sob regimes autoritários;
- Identidade e legado, especialmente nas investigações de Bryce sobre Danika;
- Dever vs. desejo, em personagens como Tharion e Hypaxia.
Entretanto, essas reflexões não são aprofundadas de forma uniforme, perdendo força em meio a cenas prolongadas de festas ou diálogos supérfluos.
ESTILO DE ESCRITA
A escrita de Sarah J. Maas mantém sua marca registrada: descrições detalhadas, personagens emocionalmente carregados e ritmo cinematográfico nos momentos de clímax. No entanto, neste volume, há excesso de cenas desnecessárias, descrições extensas e capítulos que poderiam ser mais concisos.
A autora brilha nos momentos de ação e tensão, mas carece de edição mais rigorosa nos trechos de desenvolvimento inicial. O que torna o livro maçante.
TEMPO & RITMO
A fluidez é comprometida nas primeiras 200 páginas por cenas secundárias prolongadas e diálogos pouco relevantes.
A partir da metade, o ritmo melhora consideravelmente, com sequências de conspiração, ação e mistérios bem conduzidos, especialmente com a entrada do “gato que não é um gato” — um ponto de virada, pois é nssa cena, cheia de potencial cômico e tensão, que finalmente coloca a trama nos trilhos, levando o grupo a se envolver em um esquema rebelde contra o governo dos Asteri.
A partir daí, o livro ganha fôlego, com conspirações, alianças perigosas e os primeiros sinais de uma revolução iminente.
O final é acelerado, cheio de revelações impactantes e deixa gancho para o próximo volume.
VEREDITO
Serve claramente como livro de transição, preparando o terreno para o clímax da trilogia.
Minha relação com esse volume foi de altos e baixos. O universo continua me fascinando, e personagens como Ruhn e Daybright carregaram a narrativa com maestria. No entanto, o ritmo desequilibrado, o foco exagerado em cenas irrelevantes e a estagnação da protagonista tiraram parte do brilho.
Recomendo para fãs da autora e da série, mas com ressalvas. Vá com paciência e sem expectativas de ação imediata, o que mantém vivo o interesse aqui são os detalhes do mundo, os segredos sussurrados e as promessas de um terceiro volume explosivo.
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