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10 anos de leitura: uma década viajando entre páginas e mundos 10 anos! Como assim já fazem dez anos que eu sou leitora? Parece que foi ontem que abri meu primeiro livro (o que me encantou) e senti aquela sensação que só quem ama ler entende ao estar prestes a atravessar uma portal para outro universo. Dez anos de palavras que me curaram, me transformaram e me ensinaram a ver o mundo com outros olhos. Foram histórias que se tornaram abrigo, personagens que viraram amigos e finais que deixaram marcas que o tempo não apaga. A leitura me mostrou que viver é muito mais do que o que cabe na realidade, é também o que mora nas páginas que ousamos abrir. É se perder em reinos mágicos, chorar por amores impossíveis, rir de diálogos que parecem escritos só pra você. É encontrar nas palavras o que muitas vezes o silêncio não consegue dizer.  A leitura conecta leitores. Você se conecta com pessoas que nunca viu, mas só pelo fato de termos lido o mesmo livro, é possível conversar como se se con...

Resenha: Chama de Ferro - Rebecca Yarros

Resenha: Chama de Ferro - Rebecca Yarros
Chama de Ferro - Rececca Yarros

O Empyriano 2
Avaliação: ★★☆☆☆ (2/5)
Classificação: Adulto +18
Gênero: Fantasia, Romance, ficção
Ano: 2024 / Páginas: 784
Editora: Planeta Minotauro
⚠️Essa resenha contém spoiler.

Se Quarta Asa foi um livro eletrizante, Chama de Ferro dá a sensação de retrocesso. A primeira metade é praticamente consumida pelo drama de Violet por estar longe de Xaden e pelas discussões intermináveis (e muitas vezes infantis/hipócrita) entre os dois. Já a segunda metade tenta retomar a intensidade, mas entrega apenas acontecimentos confusos e sem a devida construção.

Em Chama de Ferro, acompanhamos Violet retornando à Escola Militar Basgiath ao lado dos demais marcados, trazendo consigo todo o peso das revelações do final do primeiro livro.

Logo no início, Violet retorna à brutal Escola Militar Basgiath, enquanto Xaden, agora formado, assume o comando da Asa Sul e se afasta fisicamente dela. Essa separação poderia render amadurecimento, mas resulta em um relacionamento marcado pela falta de diálogo e interações frustrantes.

A escola não se torna mais leve, pelo contrário, as aulas se intensificam. 

Violet e os demais alunos precisam lidar com aulas de táticas militares avançadas, onde aprendem estratégias de guerra, orientação geográfica e leitura de campo de batalha; sobrevivência em interrogatório em casos de captura, treinamento físico; aulas de voo com dragões; magia dos sinetes.

A narrativa envolve a busca por informações sobre como produzir uma nova barreira Égide, nesse ponto Jesina será a peça fundamental, já que ela é uma escriba, escribas guardam livros e livros guardam historias e segredos.

Essa ideia vai se arrastando de uma forma maçante. Um dos maiores problemas está na falta de desenvolvimento consistente. Informações cruciais surgem do nada e não recebem a atenção necessária. Como: a questão das pedras de Égide, o retorno forçado de Jack Barlowe e a introdução dos paladinos, que mereciam muito mais espaço. Como consequência, quando chegam as “grandes revelações”, o leitor não sente impacto, porque não houve preparação para elas.

A trama só ganha alguma intensidade quando Varrish (o novo vice comandante) entra em cena com a tortura de Violet. E os mistérios por trás do que Nolon estava fazendo para aparentar estar extremamente exausto, são revelados.

As cenas de romance inseridas em momentos improváveis acabam quebrando totalmente o ritmo da narrativa. O exemplo mais gritante é Violet desejar intimidade logo após ser resgatada de uma sessão de tortura ou poucos minutos do conflito principal da trama. A falta de timing e de sensibilidade da autora nessas inserções torna a experiência, no mínimo, desconfortável.

Outro ponto que enfraquece o livro é a superficialidade dos personagens secundários. Rhiannon, Ridoc, Sawyer, Imogen, Mira, Brennan, Jesinia… todos orbitam em torno de Violet, mas quase não possuem identidade própria. Não há esforço em criar um arco, uma história pessoal ou sequer descrições mais detalhadas. Sabemos tão pouco sobre eles... Isso faz com que o universo pareça raso e desprovido de vida além da protagonista. Até mesmo personagens importantes como os paladinos ou figuras de Aretia passam batidos.

Nem senti nada com as perdas. Será que perdi minha humanidade nesse volume junto com os alunos do segundo ano?

Enquanto no primeiro livro Violet conquistava o leitor por sua vulnerabilidade e inteligência, aqui muitas vezes ela soa arrogante e incoerente. Em vários momentos se coloca como autoridade para tomar decisões políticas cruciais, omite informações essenciais (uma falta de maturidade), desdenha da capacidade do próprio dragão e ainda não domina nem o próprio poder. Não senti evolução alguma.

Alguns elementos parecem ser inseridos apenas para criar suspense e manter o leitor curioso, mas acabam não tendo desenvolvimento ou impacto real na trama. Um exemplo envolve os pesadelos de Violet com o Venin Mestre, que é apresentado de forma enigmática, mas não recebe a devida exploração nem uma resolução satisfatória.

Foram poucos elementos se salvam essa narrativa, incluindo: o plot final envolvendo Xaden é, de fato, surpreendente... A revelação sobre a raça de Andarna acrescenta toque intrigante ao enredo.

Veredito

Chama de Ferro tinha tudo para expandir o universo iniciado em Quarta Asa, mas se perde em enrolações e desenvolvimento raso de personagens. Rebecca Yarros não consegue manter a mesma intensidade do primeiro volume, entregando uma narrativa confusa e mal estruturada.

Apesar de alguns pontos altos, a obra fica muito abaixo do esperado e deixa a sensação de que a série perdeu parte do brilho inicial. Para quem leu e amou o primeiro livro, a continuação pode decepcionar.

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