Mais Recente

Resenha: Promessas Vazias - Lexi Ryan


Promessas Vazias

Série: As Terras de Thalyria #2 (spin-off de These Hollow Vows)
Avaliação: ★★☆☆☆ (2/5)
Classificação: jovem adulto
Gênero: Fantasia, Romance, Ficção
Ano: 2022 / Páginas: 336
Editora: Planeta Minotauro

Amor, poder e traição — quando as promessas se tornam apenas palavras vazias, o coração paga o preço.

Promessas Vazias apresenta uma premissa instigante: Brie, uma jovem humana que odeia os feéricos, precisa se infiltrar em suas cortes para salvar a irmã mais nova. A ideia mistura elementos de fantasia sombria, política feérica e triângulo amoroso, ingredientes que prometem uma leitura envolvente.

No entanto, a execução não acompanha o potencial da trama. O livro começa bem, com ritmo ágil e um toque de mistério, mas logo se perde em repetições, explicações superficiais e um desenvolvimento que soa apressado. A história tenta equilibrar romance e aventura, mas ambos os lados ficam pela metade, nada é realmente aprofundado. O que torna a leitura lenta e frustrante.

Universo e Ambientação

As cortes Seelie e Unseelie poderiam ser o ponto alto da obra. A proposta de dois reinos opostos, com tradições e magias próprias, é promissora. Porém, a ambientação carece de profundidade. Falta construção política, mitológica e sensorial, os cenários são vagos, e o leitor raramente sente que está, de fato, imerso em um mundo feérico. O resultado é um universo que parece raso demais para sustentar o peso da narrativa.

Personagens

Brie, a protagonista, começa como uma jovem inteligente, determinada e protetora que sobrevive roubando, mas logo depois de atravessar para o mundo feérico para salvar sua irmã se torna inconsistente. Suas decisões são contraditórias, insensatas, e sua teimosia muitas vezes beira a imprudência. A personagem se perde em seu proposito em meio a um triângulo amoroso, sem falar que parece ingênua na maior parte do enredo, mesmo quando vários avisos são direcionados diretamente.

O príncipe Ronan, idealizado como o típico “bom moço feérico”, carece de carisma e profundidade, enquanto o líder rebelde Finn (também um príncipe) tenta ser o oposto, misterioso e perigoso, mas acaba não tendo desenvolvimento real para entender quem ele realmente é. Suas cenas são rapidas assim como todas envolvendo o grupo rebelde. O triângulo amoroso, que poderia render tensão e conflitos interessantes, se transforma em um clichê previsível.

Estilo de Escrita

A escrita de Lexi Ryan é leve e acessível, com fluidez suficiente para prender o leitor nas primeiras páginas. Contudo, o excesso de cenas previsíveis e descrições rasas tornam a leitura cansativa. As reviravoltas parecem forçadas e o ritmo oscila entre passagens apressadas e momentos arrastados. levei uma eternidade para finalizar esse volume.

Veredito

A obra tenta abordar temas como sacrifício, confiança e amor fraternal — especialmente através da relação entre Brie e a irmã. No entanto, essas ideias são tratadas de forma superficial, perdendo o impacto emocional que poderiam ter. 

Leitura leve e de ritmo acessível para quem busca uma fantasia romântica simples. Mas é importante mencionar que o mundo feérico foi mal desenvolvido e pouco explorado, quem está acostumado com worldbuiring complexo vai se frustrar.

Triângulo amoroso é um desastre sem química real. É de revirar os olhos. Só tem uma cena que nos deixa empolgados, mas não rende muitos frutos...

A protagonistas é retratada de forma diferente no mundo humano e no mundo feérico. No primeiro ela tem mais personalidade e é mais inteligente, no segundo de repente fica muito ingênua nos 70% do enredo (nos faz passar muita raiva).

Os 20% finais do livro valem a pena, mas ainda deixa a desejar com um conflito sem nenhum impacto emocional significativo. O principal plot vem com a traição e nos mostra as promessas, que mesmo sinceras, não passaram de palavras vazias e uma manipulação para obter poder.

Promessas Vazias é uma fantasia romântica que começa com uma boa ideia, mas se perde em clichês e superficialidade. Falta profundidade, coerência emocional e um universo mais convincente.

Apesar do charme inicial, o livro decepciona por não entregar a intensidade prometida, sendo mais uma história de paixões rasas do que um conto feérico inesquecível.


Algumas passagens

"Era uma vez uma princesa feérica dourada que se apaixonou pelo rei das sombras, mas seus reinos tinham lutado por centenas de anos, e os pais dela eram inimigos jurados do rei e seu reino..." capitulo 2, p.31.

"— Menina de Fogo!— ele diz, e me faz parar.
— Lembre- se, o rei das sombras é esperto. Ele vai te colocar contra o seu destino para se beneficiar disso. 
Vai me colocar contra o meu destino? Como assim? Charadas de feérico.
— Não acredito em destino, Bakken. Tudo que me importa é minha irmã.— Ah, sim, e o rei sabe disso." Capítulo 3, p.54.

"A origem disso é pura. Feéricos vinculados sentem um ao outro o tempo todo. É uma empatia acentuada que permite que você saiba quando seu parceiro está em perigo ou sofrendo. Casais de feéricos vinculados têm sempre consciência das necessidades um do outro. Sentem a dor e a felicidade do outro como se fossem deles mesmos. É bem bonito, na verdade." Capítulo 11, p.160.

"Nem o mais poderoso feérico, ou o maior ladrão, pode se apoderar daquilo que só pode ser dado de graça." Capítulo 12, p.175.

"Sluaghs: Eles são os mortos amaldiçoados, feéricos mortos cedo demais e ainda com muito poder. Ficam presos, vagando pelo reino até que a morte deles seja vingada. Alguns atraem inocentes para a morte só para satisfazer a própria alma furiosa." Capítulo  14, p.195.

"— Da próxima vez que ela morrer, tem que ser durante uma cerimônia de vinculação. Senão ela nunca vai ser rainha. 
Meu sangue fica gelado. Da próxima vez que ela morrer... 
— Rainha? — Jalek repete. 
— Por favor, meu bem. — Lágrimas rolam pelas faces de Pretha. 
Ela está muito perturbada. Jalek se vira para mim. 
— Você ama o príncipe dourado. — Ele resmunga um palavrão. 
— Tem que falar com a gente antes de prometer qualquer coisa a ele. 
Ignoro Jalek e finjo que não percebo o penetrante olhar prateado de Finn cravado em mim. 
— Eu não morri — falo para Lark. — E não vou ser a Rainha Seelie. 
Ela ri. 
— Você nunca poderia ser a Rainha Seelie. 
Eu devia estar aliviada. Mas as palavras são como uma farpa na parte esperançosa do meu coração que mantenho escondida do mundo, de mim mesma. A parte que quer Sebastian, a parte que quer ser boa o bastante para ser... Não. Eu não quero isso. Jalek encara Finn com uma expressão dura, antes de olhar de novo para o rosto da criança. 
— Está falando da rainha Unseelie, Lark? 
Pretha olha para ele com tanta raiva que todos na sala se encolhem sob a força desse olhar, mas Lark sorri. 
— Ela poderia se quisesse, mas não vai ter nenhuma chance se morrer no fogo." Capítulo 16, p.222.

"Não sei nada sobre ser rainha. Não gosto da ideia de ter muito quando outros não têm nada." Capítulo 22, p. 286.

"— Mostre a coroa do Rei Oberon— falo em voz baixa. Mas a imagem no espelho não muda, e, por mais que eu repita a ordem muitas vezes, continuo olhando para meu reflexo." Capítulo 23, P. 296.

Todos esperam que eu me vista bem bonita e apareça para ser sua rainha. Não sou uma coisa bonita para ser manipulada. Eu sou a escuridão, e o poder correndo em minhas veias é mais forte que nunca. Isso é ser feérica e ter magia. Magia é vida." Capítulo 37, p.453.

Comentários

Mais Visualizadas

Resenha: Quarta Asa - Rececca Yarros

O Despertar da Lua Caída - Sarah A. Parker

Resenha Express: Princesa de Papel - Erin Watt