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Resenha: Casa de Terra e Sangue - Sarah J. Maas
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Cidade da Lua Crescente, Casa de Terra e Sangue - Sarah J. Maas
Crescent City 1
Avaliação: 3/5
Classificação: Adulto +18
Gênero: Romance, Fantasia,
Ficção, Literatura Estrangeira
Ano: 2020 / Páginas: 896
Editora: Galera Record
Um universo fantástico e
moderno onde o luto, o poder e o amor se entrelaçam
Sarah J. Maas mergulha fundo na fantasia contemporânea com Crescent City – Casa de Terra e Sangue, nos apresentando a Lunathion, uma metrópole onde espécies mágicas convivem em uma frágil e tensa harmonia.
Vampiros, lobos, bruxas, sereias, metamorfos, anjos e
feéricos dividem o cenário de Midgard, um mundo regido por quatro Casas (A Casa
de Terra e Sangue; Casa de Céu e Sopro; Casa das Muitas Águas; e Casa de Chama
e Sombra) — e marcado por conflitos políticos, religiosos e emocionais
intensos.
Mas por trás dessa construção
épica, o que realmente move a narrativa são temas pesados e delicados como depressão,
luto, escravidão e obsessão por poder. E, claro, personagens que
carregam cicatrizes visíveis e invisíveis.
Bryce Quinlan: entre a arrogância e a sensibilidade
A protagonista, Bryce, é uma
semifeérica de 23 anos que já sofreu o suficiente para uma vida inteira.
Ridicularizada pela origem mestiça, ela tenta levar uma vida comum dividida
entre trabalho e festas, até que tudo desmorona: seus melhores amigos são
brutalmente assassinados, em uma cena impactante que acontece ainda no
início do livro. (E sim, me apeguei à Danika rapidinho e fui atingida em cheio
pelo baque.)
A amizade entre Bryce e Danika é,
sem dúvida, um dos laços mais bonitos da trama. Mesmo após a morte, essa
conexão resiste, se fortalece e emociona. Um dos momentos mais tocantes do
livro é quando Bryce abre mão de seu lugar no descanso eterno para ceder à
amiga, um gesto que fala por si só.
No início, achei a Bryce insuportavelmente
arrogante. Mas aos poucos, a autora vai despindo suas camadas e revelando
uma jovem marcada pela dor, que prefere enfrentar tudo sozinha a demonstrar
vulnerabilidade. É aí que sua petulância começa a fazer sentido (ou não).
Hunt Athalar: o anjo caído que carrega trovões (e cicatrizes)
Hunt é o clássico "perigoso com passado trágico", um anjo caído conhecido como Umbra Mortis (Sombra da Morte), escravizado pelos arcanjos, mais precisamente por Micah, que um dia tentou derrubar. Agora ele usa suas habilidades brutais para um único objetivo: assassinar sem excitar os inimigos do seu chefe.
Mas com uma ameaça causando estragos na cidade, ele ofereceu um acordo irresistível: ajudar Bryce a encontrar o assassino, e sua liberdade estará ao seu alcance. Obviamente sabemos que ele vai ter um envolvimento com a Bryce, não somos bestas, já sacamos nas entrelinhas.
Acho que há muito dele que ainda pode
ser explorado nos próximos livros, particularmente achei o Hunt (sua historia,
objetivo) muito mais interessante que a Bryce. Há e o poder dele é conjurar
raios, muito haver com eletricidade, esse poder é tido como raro só ele tem.
A investigação e os mistérios (sem spoilers)
Dois anos após o assassinato de
seus amigos, novos crimes começam a surgir, e Bryce está determinada a
encontrar o culpado. A investigação caminha lentamente, revelando informações
aos poucos, até culminar em uma grande revelação que, honestamente, me
surpreendeu, mas a cena da descoberta pareceu um tanto... forçada. Pareceu
um monologo.
Além disso, o final do livro
despeja muitos plot twists de uma vez só. O excesso de informações e
reviravoltas poderia ter sido melhor distribuído ao longo da narrativa. Pareceu
que a autora guardou tudo para os últimos capítulos e correu com o
encerramento.
Frases marcantes, mas repetitivas
Uma frase recorrente no livro é:
"Por amor, tudo é possível."
No começo, achei meio deslocada,
mas algumas cenas dão peso real a essa ideia, como a Descida de Danika e
Bryce. Ali, tudo faz sentido. E a explicação da imortalidade condicionada à
Descida é um detalhe muito interessante desse universo.
Sarah J. Maas constrói mundos com
maestria, e isso não é novidade. A ambientação de Lunathion é boa, uma fusão
entre o épico e o urbano, com regras próprias e estruturas políticas complexas.
Mas o início do livro é arrastado e confuso, com excesso de informações.
Senti falta de uma presença mais
significativa dos feéricos (como vemos nas outras sagas dela), e de desenvolvimento
mais profundo dos personagens secundários, como Ruhn, Hypaxia e até os
vilões (espero que isso seja melhor desenvolvido nos próximos volumes). Em
compensação, Lehabah e Syrinx mereciam mais destaque nas resenhas por aí — eles
são simplesmente adoráveis e entregam momentos emocionantes.
Casa de Terra e Sangue é
um começo ambicioso, mas imperfeito. Embora traga questões fortes e um universo
rico, sofre com o excesso de informações, ritmo desequilibrado e personagens
que demoram a cativar. Ainda assim, confio no potencial dos próximos volumes —
quem leu Trono de Vidro ou Corte de Espinhos e Rosas sabe que Sarah
adora fazer o leitor de trouxa nos livros seguintes.
Estou pronta para ser
manipulada emocionalmente mais uma vez, tia Sarah. Traga o caos.
E você, já leu Cidade da
Lua Crescente? O que achou da estreia dessa nova saga? Me conta aqui nos
comentários ou vem conversar no blog!
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