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10 anos de leitura: uma década viajando entre páginas e mundos

10 anos de leitura: uma década viajando entre páginas e mundos 10 anos! Como assim já fazem dez anos que eu sou leitora? Parece que foi ontem que abri meu primeiro livro (o que me encantou) e senti aquela sensação que só quem ama ler entende ao estar prestes a atravessar uma portal para outro universo. Dez anos de palavras que me curaram, me transformaram e me ensinaram a ver o mundo com outros olhos. Foram histórias que se tornaram abrigo, personagens que viraram amigos e finais que deixaram marcas que o tempo não apaga. A leitura me mostrou que viver é muito mais do que o que cabe na realidade, é também o que mora nas páginas que ousamos abrir. É se perder em reinos mágicos, chorar por amores impossíveis, rir de diálogos que parecem escritos só pra você. É encontrar nas palavras o que muitas vezes o silêncio não consegue dizer.  A leitura conecta leitores. Você se conecta com pessoas que nunca viu, mas só pelo fato de termos lido o mesmo livro, é possível conversar como se se con...

Resenha: A Balada do felizes para Nunca


Resenha: A Balada do felizes para Nunca - Viajante Literária

A Balada do Felizes para Nunca- Stephanie Garber

Era uma vez um coração partido 2
Avaliação: ★★☆☆☆ (2)
Classificação: Young Adult (YA)
Gênero: Fantasia, Romance
Ano: 2023 / Páginas: 384
Editora: Gutenberg

E se o "felizes para sempre" fosse a maior maldição de todas? Evangeline Fox está prestes a descobrir que escapar de um conto de fadas pode ser mais perigoso do que entrar em um.

Resenha: A Balada do felizes para Nunca - Viajante Literaria

O livro continua exatamente onde o primeiro parou, com Evangeline tentando desvendar os segredos de seu próprio passado e a maldição que pesa sobre ela. O conflito central promete ser épico – uma luta contra o destino e uma maldição ancestral – mas na prática, a trama avança a passos muito lentos. A estrutura é linear e repetitiva: Evangeline busca respostas, esbarra em um obstáculo vago, é "salva" por um personagem masculino e recomeça no dia seguinte. O clímax é confuso e o desfecho, mais uma vez, funciona como um gancho longo e frustrante para o próximo livro, sem oferecer uma resolução satisfatória para os arcos deste volume.

UNIVERSO & AMBIENTAÇÃO

A ambientação expande-se para novos cenários dentro do mundo fantástico, mas a sensação de superficialidade permanece. As regras de magia tornam-se ainda mais convenientes, mudando para servir à trama do momento. A descrição do Reino do Norte tem potencial, mas falta uma sensação de perigo real. O universo continua a parecer um pano de fundo bonito, porém vazio, sem a história e a cultura necessárias para fazê-lo crível.

A trama política e social do Magnífico Norte é negligenciada. A coroação do vampiro Luc é considerada ilógica e sem explicação. O foco no romance prejudica o desenvolvimento do mundo.

PERSONAGENS & AMBIENTAÇÃO

A evolução dos personagens é mínima. Evangeline continua sendo uma protagonista notavelmente passiva, constantemente resgatada por outros e tomando decisões baseadas mais em intuições inexplicáveis do que em algo real. Ignora seus próprios conselhos (de uma carta que ela mesma escreveu).

Nesse volume ela busca uma cura para salvar Apollo que esta em um estado suspenso desde o dia do casamento deles. Torcemos que ela não volte a confiar em Jacks, mas esse desejo é frustrado, pois ela continuou permitindo que ele a magoasse repetidamente. Sim, há uma forte tensão entre eles, mas ele é tão inconstante que perde a credibilidade. 

Jacks, o Príncipe de Copas, mantém sua aura de Arcano perigoso, mas seu desenvolvimento é inconsistente, alternando entre atos cruéis e momentos de vulnerabilidade que parecem desconectados de uma motivação clara. Sim, ele teve o coração partido antes e talvez ele não quisesse se permitir se aproximar demais. Mas não justifica tratar Evageline de um jeito tão descondescendente. Ele é tóxico, cruel e manipulador. Seu ciclo de comportamento é repetitivo e previsível: é rude com Evangeline, depois a salva/protege, e assim o ciclo se repete. Não há uma justificativa coerente para suas ações ou para seus supostos sentimentos por Evangeline.

Descobrimos o objetivo dele quando finalmente encontrar todas as pedras do Arco de Valorosa, sabemos que ele esta usando Evangeline para conquistar seus objetivos, mas também sabemos que ele se importa com ela. Mas ele não admite, e ela fica cismada que é casada com Apollo (ela nem conhece ele, não o ama, decidiu se casar com ele em menos de 2 dias que se conheceram, de repente esqueceu que seu grande amor era Luc e também não admite que sente algo por Jacks), a muitos graus de incoerências nesse enredo.

Luc reaparece como vampiro formado e como o sucessor distante do Magnífico Norte (esse acontecimento não teve nenhum sentido). Como, por quê? De onde surgiu essa conecção? Pareceu que vários detalhes e componentes importantes da construção de mundo foram varridos para debaixo do tapete ou explicações lançadas sem contexto apenas para que a autora pudesse focar puramente no "romance" entre Jacks e Evangeline. Achei bastante irrealista... ele como novo governante, fiquei intrigada imaginando que haveria muitas pessoas procurando uma maneira de reivindicar o trono para si, ou usá-lo para se beneficiar de alguma forma.

Outro ponto a comentar é Havelock (o guarda pessoal de Apollo) em um dado momento tem algo muito importante para contar a Evangeline, mas ela decide que está sobrecarregada para mais drama e considera fugir. Eu solei um suspiro de frustração porque ela podia ter ouvido o que ele queria contar afinal ele estava responsável pela segurança do príncipe Apollo. Depois de dizer a Havelock que não vai ouvi-lo ela vai embora e tudo começa a ficar mais estranho, ele não chega a contar o que ia dizer, pois na cena seguinte Apollo aparece tentando matar ela. 

Agora tem mais uma maldição (já tinha o fato de ele esta em um sono suspenso e ter o corpo espelhado com Evangeline, aai surge mais uma, agora é o arqueiro e ela é a raposa) Apollo agora vai caçar Evangeline até que ela morra, mas se ele conseguir ele também morre... 

Os personagens secundários, como os outros imortais, são introduzidos como peças importantes, mas permanecem tão planos e mal explorados quanto no primeiro livro, servindo apenas como exposição de ajuda repentina ou obstáculos descartáveis.

TEMA & MENSAGEM

A obra tenta criticar a ideia de "felizes para sempre" ao mostrar suas consequências amargas, mas a mensagem se perde em meio a um romance tóxico glamourizado e à falta de crescimento da protagonista. 

Gostei da personificação que a cena da Grota trás, pois aquele lugar representou o porto seguro de ambos e mostrou o que há de bom em Jacks e como ele seria sem o peso da maldição ou por ser um Arcano. Também representou a ruptura desse porto seguro e dessa leveza. 

ESTIDO DE ESCRITA

O estilo de Garber mantém suas características: é excessivamente sensorial e repleto de metáforas. 

Assim como no primeiro livro, a narrativa é em terceira pessoa com foco profundo em Evangeline. Essa escolha continua a ser um ponto negativo, pois amplifica a confusão e a passividade da protagonista, limitando a compreensão do leitor sobre as motivações de personagens cruciais como Jacks, mantendo-o misterioso de uma forma que mais frustra do que intriga.

O ritmo é um dos maiores problemas. A maior parte do livro é preenchida com a internalização repetitiva de Evangeline e com cenas que não impulsionam a trama significativamente. A leitura é lenta e arrastada em algumas partes, com poucos momentos de ação ou descobertas genuínas para quebrar a monotonia. A fluidez existe apenas pela simplicidade da escrita. 

VEREDITO

Este livro foi uma decepção maior que o primeiro. Enquanto Era uma vez um coração partido tinha o encanto da novidade, este volume expôs todas as fraquezas da série sem apresentar qualidades redentoras. A passividade da protagonista, o romance problemático e a trama circular me esgotaram. Não me senti envolvida e, pior, me senti entediada em vários momentos. Só indicaria a leitura para quem, tendo lido o primeiro, estiver disposto a persistir na esperança de que o terceiro livro resolva todos os problemas que este segundo ignorou ou intensificou.

O enredo tinha potencial e ficou levemente emocionante no final com vários mistérios sendo revelados. Infelizmente, isso produziu mais perguntas do que respostas. O final foi uma decepção sem tamanho, não sou uma grande fã de plot de perda de memoria, só quando é bem desenvolvido, o que não aconteceu. O que parece é que a autora esta sem criatividade e preguiça de desenvolver o final/inicio do próximo volume e recorreu ao que seria mais simples e rápido.

O livro falha em gerar uma conexão emocional sólida. A relação central entre Evangeline e Jacks, que deveria ser eletrizante, é marcada por uma toxicidade que não é adequadamente problematizada, dificultando a torcida pelo casal.


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